domingo, 5 de julho de 2015

    #SomosTodosMaju é um momento histórico na TV e no país


    A televisão brasileira mudou e, em muitos aspectos, para bem melhor. Uma prova concreta dos avanços da TV é o que muita gente assistiu na última sexta-feira durante o “Jornal Nacional”.  A jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, responsável pela previsão do tempo no principal telejornal do país, e considerada uma das melhores revelações dos últimos anos justamente pelo seu jeito descontraído de levar conteúdo ao telespectador, falou sobre os ataques racistas que sofreu na página do Facebook do JN. Foram frases extremamente preconceituosas que não merecem ser reproduzidas aqui no “Parabólica”, mas que demonstram que, apesar dos avanços nas plataformas de comunicação, na ciência, no jeito de viver e na economia, uma parcela da população brasileira ainda tem pensamentos retrógrados onde cor da pele, sexo, condições sociais ou localidade de nascimento determinam se uma pessoa pode ou não brilhar na vida.
    Maju respondeu aos ataques com classe e com o brilho nos olhos de quem sabe que sua competência a colocou onde está e revelou a todos que, apesar de sempre conviver com o preconceito, nunca não perdeu tempo com esse tipo de pensamento, porque são muito mais importantes as centenas manifestações de carinho e apoio. A televisão evoluiu porque permitiu que o principal telejornal do país repercutisse um assunto polêmico gerado em outra plataforma envolvendo seus apresentadores. Willian Bonner e Renata Vasconcelos também deram voz contra o preconceito e se mostram muito mais próximos ao telespectador. #SomosTodosMaju!


    Nessa discussão, é claro que a televisão brasileira tem uma parcela de culpa na perpetuação de certos preconceitos, afinal, a própria Globo determinou um padrão onde os apresentadores de telejornais sempre foram brancos de vozes bonitas e de credibilidade inquestionável pela postura séria no vídeo. As protagonistas das novelas eram as lindas mulheres de cabelos escovados diariamente, loiras ou morenas que determinavam a moda e as negras interpretavam as empregadas dos ricos ou as escravas nas produções de época. Quando Silvio de Abreu colocou em destaque uma família negra de classe média em “A Próxima Vítima”, muitos criticaram o autor afirmando que aquele núcleo não correspondia com a realidade. Mais um pensamento atrasado e racista. Depois, em 2004, alguns duvidaram que funcionaria a química entre Tais Araújo e Reynaldo Gianechini, protagonistas de “Da Cor do Pecado”.  O casal caiu na graça do público. Cinco anos depois, Tais Araújo interpretou a Helena de “Viver a Vida”, mais uma linda protagonista da atriz. E em 2012, “Cheias de Charme”surgiu para calar a boca de muita gente ao colocar como personagens principais três empregadas domésticas que venceram na vida, mudaram de carreira e se transformaram em grandes estrelas. O que o público quer é se reconhecer na tela e não acompanhar um mundo ilusório e perfeito.
    Por isso, #SomosTodosMaju por uma sociedade verdadeira, sem preconceitos e onde o que vale é a competência de cada um.

    por José Armando Vannucci

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