terça-feira, 22 de novembro de 2016

    "É Notícia no Rádio": Grupo de mães e doula lutam por priorização do parto normal e humanizado

    Fotos: Flávia Amorim / É Notícia no Rádio
    A edição do “É Notícia no Rádio” do último sábado (19) contou a seguinte história: Mãe de primeira viagem, Danielly Moura, desejava ter seu filho de parto normal, mas para ter direito a algo pelo qual não deveria encontrar empecilhos, ela passou por três médicos obstetras até encontrar um que acolhesse o seu desejo.

    Ter um filho de parto normal e sentir todo o processo fisiológico do corpo fluir no seu tempo e percurso natural é algo que tem sido negado a muitas mulheres, é o que revelou a pesquisa Nascer no Brasil, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), divulgada em maio na revista (radis117).

    Danielly Moura durante entrevista ao "É Notícia no Rádio"
    Graduada em História, Danielly Moura, ao engravidar começou a peregrinar por outra cultura, agora sobre gestação. Segundo ela, desde que engravidou passou a lê textos que abordavam o parto normal e a luta travada por mulheres que assim desejavam passar por esse processo. Diante de sua luta pessoal, a gestante juntamente com outras profissionais da área de saúde formou um grupo: “Mamães unidas são mais sabidas”.

    Com o intuito de discutir temas sobre a diferença entre parto normal e cesáreo, os cuidados com o bebê, por exemplo; o grupo saiu das discussões e passou a agir intervindo no município abordando o tema com gestantes atendidas pelo SUS. O grupo é formado por psicólogo, enfermeiro, doula e mães que lutam pelo direito do parto sem intervenções desnecessárias.

    De acordo com a pesquisa, o Brasil está longe de alcançar o percentual de 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com os dados do estudo entre fevereiro de 2011 a outubro de 2012, 52% dos nascimentos se deu através de cesarianas. No setor de saúde privado o percentual foi de 88%, no setor público, envolvendo os serviços próprios do SUS e os contratados do setor privado, somam 46% e os realizados unicamente pelo SUS em instituições federais, estaduais e municipais, o número chega a 38%, percentual ainda considerado alto.

    Além de lutar pelo parto normal, o “Mamães unidas são mais sabidas” busca também o acesso ao parto humanizado que nada mais é do que o direito que a mulher tem sobre seu próprio corpo, de escolher se quer ou não que utilizem métodos intervencionistas como medicação em excesso, anestesia, episiotomia, que é, um corte na região do períneo. “Outro método abusivo é o uso de ocitocina utilizado para acelerar as contrações, quando utilizado no início das contrações mais atrapalha do que ajuda, devendo ser apenas utilizado quando as contrações forem sentidas sucessivamente” disse Danielly.

    A doula Patrícia Alves atende em qualquer unidade de saúde
    A gestação é um momento muito delicado na vida de uma mulher, cheio de interrogações, medo e anseio, nesse processo, a presença de uma doula vem justamente amenizar e tentar dar todo o suporte psicológico necessário para que a parturiente consiga parir naturalmente. A palavra DOULA vem do grego e significa "mulher que serve". A doula é uma profissional treinada para servir a mulher durante o ciclo gravídico-puerperal. A sua função é fornecer apoio emocional, físico e informativo à gestante, mas não é parteira.

    A lei 15.880/2006 permite que a mulher tenha direito a ter um acompanhante e uma doula durante o seu trabalho de parto e pós-parto imediato - nos hospitais, maternidades, casas de parto e estabelecimentos similares da rede pública e privada de saúde, - ainda assim, a doula também tem de ser uma espécie de advogada, pois tem de lutar e provar que pode está ali com a gestante.

    A primeira duola de Santa Cruz do Capibaribe e bombeira civil, Patrícia Alves, conta que a sua presença na sala de parto ainda é encarrada com certa resistência por grande parte dos profissionais de saúde. “Quando vou acompanhar um parto na maternidade, os profissionais não me querem por eu não permitir que se façam determinados procedimentos, mas vou continuar lutando principalmente por aquelas mulheres que não tem conhecimento dos seus direitos,” declarou a doula, Patrícia. Ainda de acordo o incisivo segundo da Lei supracitada, a presença da doula não pode ser confundida como de acompanhante. Confira a Lei da integra, clicando AQUI.

    O grupo objetiva desmistificar mitos empregados ao longo da história que diz que mulheres de estatura baixa não podem parir, que não tem passagem, que a mulher ou bebê tem um problema e por isso o parto normal é inviável, ignorando dessa forma a maneira natural que a maioria das pessoas vieram ao mundo e a capacidade fisiológica que o corpo da mulher tem para esse processo. Muitos obstetras optam por fazer o parto cesáreo por lhes serem conveniente e rentável, convencendo as gestantes em sua maioria que o parto cesáreo é melhor que o normal. No link abaixo, voce confere na integra a entrevistada com as integrantes do “Mamães unidas são mais sabidas”.



    Para obter a presença da doula Patrícia Alves durante o trabalho de parto e/ou pós-parto, basta entrar em contato pelo (81) 9.9495-4336.

    O curso de Doulas acontecerá nos dias 10, 16, 17 e 19 de dezembro. Outras informações poderão ser adquiridas na coordenação do curso de Enfermagem do Cesac, situada na Rua Júlia Aragão, 307, centro, Santa Cruz do Capibaribe; ou pelo (81) 3731-4364.

    O PROGRAMA

    O informativo destacou ainda a abertura das inscrições para CNH popular e para o processo seletivo das Escolas Técnicas Estaduais; a participação de atletas Santa-cruzenses em campeonato nacional de Karatê; além dos lances dos clubes pernambucanos nos campeonatos da primeira e segunda divisão do Brasileirão e as dicas de Cinema.

    O “É Notícia no Rádio” vai ao ar, todos os sábados, das 7h às 8h da manhã pela rádio IGM 88.9. Além do blog É Notícia, os ouvintes podem enviar as suas sugestões de pautas pelo WhatsApp (81) 9.8907-5045.

    Por Josy Santos e Antonio Andrade

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