Fotos: Antonio Carlos |
Diagnosticada em abril deste ano com a Síndrome de Guillain-Barré, Maria de Fátima da Conceição, 29 anos, travou uma verdadeira batalha em prol do restabelecimento de sua saúde. Ao longo dos últimos cinco meses, passou por diversas unidades de saúde e por hospitais de grande porte, dentre eles, o Mestre Vitalino em Caruaru, de Emergência e Trauma em Campina Grande (PB) e o Regional do Agreste, onde veio a falecer por volta de 00h30 da última sexta-feira (15).
Embora tenha tido alguns momentos de considerável
melhora, chegando a receber alta médica para retornar a sua residência, a jovem
não sobreviveu ao retorno agressivo da Síndrome e a complicações no sistema
Respiratório. Sua última semana de vida foi angustiante para familiares e
amigos mais próximos, pois à medida que órgãos vitais a sobrevivência humana,
como o cérebro e os pulmões, iam lentamente ficando paralisados, a reversão do
quadro clínico tornava-se praticamente irreversível aos olhos da medicina.
Natural de Taquaritinga do Norte, Fátima criou-se na vila
do Jerimum, zona rural do município. Sua origem humilde não a impediu de
concluir o Ensino Fundamental na Escola Chefe Leandro em 2004; o Ensino Médio
na Escola Estadual Severino Cordeiro de Arruda (atual EREM) em 2007 e de
participar de diversos cursos profissionalizantes na Dália da Serra e em Santa Cruz
do Capibaribe entre 2008 e 2015. Sempre ao lado de seus pais, seu José Raimundo
e dona Sebastiana da Conceição, a jovem dividia o seu tempo entre as atividades
do lar, do campo (como o manejo de animais e a agricultura), da confecção e da
religião Católica.
Sua contribuição à comunidade deu-se ao longo dos mais de
12 anos em que ministrou aulas do Crisma para dezenas de jovens circunvizinhos ao
vilarejo e esteve a frente da secretaria do Conselho Pastoral da Capela de São
Sebastião. Em 2014, participou ativamente da construção do salão anexo da
Capela e das mudanças em torno da festa do padroeiro. Sua atuação também
poderia ser vista no movimento do Apostolado da Oração, equipe litúrgica e
ministério de música.
Em mensagem de texto publicada num grupo de WhatsApp, a
freira coordenadora dos Encontros de Formação de Catequese, irmã beneditina
Lidia pontuou: "Fátima, partiste tão cedo... Aqui na terra choro, lágrimas
saudades. No céu, festa e alegria para te receber. No céu, os anjos e santos
entoam canto. Na terra, as flores se unem e formam coroas e ramalhetes para te
homenagear", escreveu. A religiosa pertencente à Diocese de Caruaru, a
qual a Comunidade São Sebastião faz parte, finalizou a mensagem dizendo.
"Nós aplaudimos a vida bonita de anunciadora da palavra, catequista que
foste em sua comunidade. Vai missionária, vai catequista para onde o Senhor te
chamou, aqui já cumpriste tua missão," concluiu. Outras demonstrações de
carinho a Fátima e de solidariedade aos seus familiares tomaram conta as redes
sociais.
Na manhã de hoje (16), uma Celebração Eucarística de corpo
presente acompanhada do ritmo das Exéquias reuniu membros de todos os
movimentos pastorais do Jerimum, crismandos, coordenadoras de catequese da
Paróquia de Santo Amaro, familiares e amigos das mais diversas localidades. Em
sua homilia, o padre Luis Eduardo da Paróquia de São José em Pão de Açúcar
destacou o perfil cristão da catequista ao desempenhar suas múltiplas atribuições
religiosas, a importância da oração intercessora em vida uns pelos outros e
atribuiu somente a Deus o julgamento pelas falhas que qualquer pessoa tenha
cometido ao longo de sua vida. A Santa Missa terminou sob forte emoção, a
canção “Exéquias”, de padre Zezinho deu o tom da despedida.
Às 10h26, sob um céu de nuvens acinzentadas e uma suave
frisa, o caixão baixou a sepultura silenciosamente. Em seguida, uma salva de
palmas acompanhada do som da terra caindo sobre o caixão reacendeu no coração
dos presentes a certeza de que as despedidas são a lei da terra e os
reencontros são a lei do céu. A causa da morte da religiosa é o segundo caso da Síndrome de Guillain-Barré registrado em menos de cinco anos no município de Taquaritinga do Norte.
Por Antonio Carlos
Jornalista DRT PE 6154
LEIA MAIS: O QUE É A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ?
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