Além da Matriz, o grupo apresentou-se também na igreja de N. Sra. de Fátima no bairro Cohab Fotos: Antonio Carlos e Mauricio Martins |
Depois de passar por seis cidades, a encenação A Paixão
de Cristo produzida pelo grupo teatral Epífania encerrou nesta Sexta-feira
Santa (30) a oitava temporada do espetáculo. De frente a Igreja Matriz do
Senhor Bom Jesus dos Aflitos e São Miguel, marco zero de Santa Cruz do
Capibaribe, o público acompanhou o trabalho e o empenho de mais de 130 jovens.
Seja no palco ou nos bastidores, a equipe mostrou que nem a chuva poderia
atrapalhar o andamento da apresentação.
Dividida em 12 atos, a produção começa mostrando a
tentação de Jesus no deserto e culmina com a Sua ressurreição e aparição aos
discípulos. Em alguns momentos, como na cena em que houve trevas sobre a terra
após a crucificação de Jesus, o clima frio e a chuva fina deram um realismo
todo especial a cena. “A nossa missão em levar as pessoas ao conhecimento do
amor de Jesus por nós se renova a cada ano. Por isso, mesmo com a chuva e eu
acredito que ela contribuiu positivamente para tornar a encenação mais bonita e
mais introspectiva, o espetáculo manteve o seu roteiro original”, destacou o
coordenador do grupo Epífania, Jailson Sousa.
Considerado um dos maiores grupos teatrais itinerantes do
estado pernambucano, o Epífania passou nesta temporada pelos municípios de Frei
Miguelinho, Congo, Caruaru, Barra de São Miguel e no distrito de Pão de Açúcar,
em Taquaritinga do Norte. Sem fins lucrativos, a companhia de teatro conta -
para a realização exclusiva da encenação da Paixão de Cristo - com o apoio
cultural de instituições e o patrocínio de lojistas da Capital da Confecção
para a produção dos cenários, aquisição de figuro e aprimoramento técnico, como
os efeitos sonoros e de iluminação. Mediante este auxílio, o grupo consegue
também levar o espetáculo para lugares onde não há encenações a céu aberto ou a
população é carente de produções teatrais.
Além das mudanças de infraestrutura, anualmente, há o
rodízio de atores na interpretação dos personagens centrais da Paixão (Jesus,
Maria, Judas, Pedro, Pilatos, Herodes, Verônica e Maria Madalena). Segundo a
coordenação, essa mudança acontece a partir da concepção e construção de cada
ator para o personagem proposto. “Ainda que a história seja a mesma, o que
diferencia a edição de 2017 da edição de 2018, por exemplo, é a interpretação
dos atores, a veracidade com que eles vivenciam as dores, os questionamentos e
a fé de seus personagens,” explica jailson.
Nesta edição, o jovem estudante de Engenharia de
produção, Wallace Zacarias, interpretou o papel principal da encenação. Ainda
caracterizado de Jesus, o ator destacou a compreensão dos ensinamentos cristãos
e o sentimento de gratidão como os maiores legados deste trabalho de
evangelização. “O meu entendimento sobre o gesto de Jesus dava-se até então
pela narrativa bíblica, mas ao entrar em cena e vivenciar cada momento, ainda
que em proporção infinitamente inferior a de Jesus, eu pude compreender melhor
como o seu amor por nós é grande”, pontou Wallace.
Mesmo chovendo durante boa parte do espetáculo, o público
- protegido com guarda-chuvas, debaixo de árvores ou aglomerados nas calçadas -
não desistiu de acompanhar a trajetória do homem que dividiu a história da
humanidade. Em determinados atos cênicos, como a tentação no deserto, a
flagelação e a crucificação de Jesus, a chuva deu um encanto maior a cena. No
entanto, na sequência da ressurreição e aparição aos discípulos, a chuva cessou
e por um instante era como se a avenida Padre Zuzinha tivesse tornado-se o
jardim do Santo Sepulcro.
De acordo com a organização, estima-se que mais de três
mil pessoas tenham assistido a encenação da Paixão de Cristo ao longo das sete
apresentações. Criado em 2010, o grupo composto por jovens católicos de Santa
Cruz do Capibaribe (PE) visa evangelizar através do teatro e sem fins
lucrativos.
Por Antonio Carlos
Fotos: Maurício Martins