Foto: Antonio Carlos |
Tantos foram os prazos, os diagnósticos, as internações, as transfusões de sague, as consultas no Hemope, as verificações continuas da taxa de Hemoglobina, entre tantos outros cuidados, os quais poderiam ser vistos como uma verdadeira batalha travada contra a Anemia Falciforme.
Mesmo assim, Alcinéia Ferreira Silva, a filha de Luiz de Abdon e Zefinha, a Fofa, como nossa comunidade do Jerimum a viu crescer, não desistiu de viver... Até o falecimento de seu Vó Dedinha, o caminho entre o Jerimum e a Pedra Preta, era o seu favorito... Muitas destas vezes, interrompido por uma nova crise, por uma nova internação, mas sobretudo, com a fé em Deus que iria vencer.
Estudou o Ensino Fundamental I e II, na Escola Chefe de Leandro, depois concluiu o Ensino Médio, na EREM Severino Cordeiro de Arruda, aprendeu a cozinhar e cozinha muito bem, sempre que fazia novo prato mais trabalhado, compartilhava com a família.
Tinha uma habilidade única com as mãos, seja com materiais artesanais ou mais recentemente, com a miçangas... Queira sempre fazer peças únicas, personalizadas, e pra isso pensava, pesquisava, testava cada item que iria usar.
Mesmo tendo já chegado tão longe, o desejo de ser mãe, muitas vezes desacreditado pela medicina, tornou-se realidade... Gerou em seu ventre, como qualquer mulher saudável, a estrelinha Maria Vitória. Uma gestação difícil, de risco para ambas, porém ela optou por ir até o final, defendendo que se em algum momento os médicos precisassem escolher entre ela e a criança, escolhesse Vitória, a sua filha. Entretanto, os desígnios do Criador eram outros e a pequena Vitória retornou para os braços do Pai Celestial faltando alguns dias para completar o ciclo de sua gestação.
O tempo foi passado, as crises aumentando e aquela pergunta que ela nos fazia sempre que precisava retornar as unidades de saúde antes do previsto: “Será que eu volto dessa vez?”, começava a ecoar em nossos corações. Talvez, de forma inconsciente, Alcinéia que sempre nos impressionava com sua força diante das tribulações, começava a nos preparar para o último capítulo de sua trajetória terrena.
A internação em previsão de alta no dia 23 de maio, a transferência para UTI em 30 de maio, a disparada nos batimentos cardíacos, registadas pelos aparelhos, ao ouvir a voz daqueles a quem ela mais amava, seja de forma presencial ou virtual, como no dia 02 de junho, a transferência para a enfermeira, porém sem chances viáveis de voltar pra casa, no último dia 06; a autorização dos médicos para ela vim, de cadeiras de rodas, na porta da enfermaria ver seu afilhado Caio, aquele a quem ela direcionava tanto carinho, tanto amor, como se fosse seu filho, e as palavras suaves e serenas da junta médica no hospital IMIP, no Recife, nos direcionava, agora, de forma consciente, para a hora da partida definitiva.
Todavia, até o último momento, o último suspiro e as últimas palavras, nós, seus familiares e amigos, confiamos no agir do Médico dos Médicos, do Senhor da Vida, por isso, a Ele a nossa gratidão pela oportunidade de conviver com Fofa, de discutir os seus posicionamentos, sempre muito firmes, de compartilhar momentos e risadas imensuráveis, e, sobretudo, agradecer por sua vida. Obrigado, Senhor Deus!
Nos despedimos, parafraseando a mesma frase que Fofa usava para amenizar a saudade de sua filha: “Ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém”, e você, Alcinéia, permanecerá viva nos nossos corações até o dia do reencontro na Jerusalém Celestial.
Obrigado por tudo e por tanto, Fofa! Descanse em Paz, Alcinéia!
Por Antonio Carlos
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